Mercado

    O Brasil produziu, em 2002, cerca de 1.120 mil toneladas de uvas, sendo 53,4% para consumo in natura. O consumo de uva de mesa no Brasil situou-se em 3,42 quilos per capita.
O Estado de São Paulo é o principal produtor de uvas de mesa, participando com cerca de 20% da área e da produção nacional. Quase que a totalidade da área plantada no Estado (12.152 hectares, em 2002) destina-se à produção de uva de mesa. Dados do IEA e CATI (Ghilardi & Maia, 2002) situam a safra 2002/2003 com produção de 176,7 milhões de quilos de uva, sendo 88,9 milhões de uvas finas, 84,3 milhões de quilos de comum para mesa e 3,3 milhões de uva para a indústria. Esta produção é realizada, normalmente, por pequenos produtores. A uva Niágara Rosada é destinada exclusivamente para o mercado interno, onde tem grande aceitação.
    Segundo Sato e França (2001), nesse estado a viticultura se concentra nas áreas de atuação dos Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs) de Itapetininga e Jales, com destaque para São Miguel Arcanjo e Jales, que produzem uvas finas de mesa; e no EDR de Campinas, que produz uva comum. Dados publicados por Ghilardi e Maia (2003), indicam que na safra 2002/2003 essa EDR respondeu por 80,2% do total produzido de uvas comuns, com predominância da Niágara. .Ainda segundo Sato e França (2001) a região de Jundiaí, que pertence a EDR de Campinas, produz principalmente uva Niágara durante os meses de dezembro-janeiro-fevereiro, com uma safra anual. Mais recentemente, também um segundo sistema de produção tem sido adotado na região, embora não pela maioria dos produtores, e apenas em parte dos vinhedos. Nesse sistema, que possibilita a obtenção de uma "safra de inverno", alternam-se anos agrícolas com uma "safra de verão" (colheita do final de novembro a janeiro) e anos agrícolas com duas colheitas, das quais uma com a "safra temporã" (colheita de maio a julho) e outra com a "safra normal" (dezembro a fevereiro). Segundo estes mesmo autores, esse sistema de produção não surgiu em razão da obtenção de melhores preços na entressafra, como seria de se esperar, mas pela falta de liquidez que os produtores enfrentam e pela redução da disponibilidade de financiamentos e elevados encargos bancários.
    Na região Noroeste do Estado de São Paulo, as condições de clima tropical, com o uso de irrigação, possibilita a obtenção de dois ciclos anuais, um para a safra principal nos meses de julho a novembro, época de maior escassez no mercado, e outro ciclo para uma "safrinha" no primeiro semestre. No entanto é mais vantajoso produzir uma única safra, no período de menor oferta. Pela figura 61, observa-se que no mês de dezembro foram comercializados na Ceagesp cerca de 7 milhões de quilos de uva Niágara Rosada (média 1998/2002) e no mês de janeiro, mais de 4 milhões de quilos, enquanto que no período de julho a novembro a quantidade não excedeu a 750 mil quilos mensais. No período de maior escassez, julho a outubro, os preços praticados na Ceagesp, são quase o dobro do período de maior oferta (dezembro a fevereiro).

Figura 1
Fig. 1. Quantidade e Preço da Uva Niágara Rosada comercializada no CEAGESP - Média 1998-2000. (Gráfico: L.M.R.Melo)


    Também é interessante ressaltar que nos períodos de menor oferta, grande parte da uva Niágara Rosada comercializada na Ceagesp é proveniente da Região Noroeste de São Paulo. Pela figura 62 pode-se verificar que nos meses de agosto a outubro esta região é fundamental no abastecimento da Ceagesp com a uva Niágara Rosada (de 60 a 80%). Embora a Ceagesp seja o principal mercado atacadista do Brasil e, portanto, utilizado como indicador do mercado nacional, não significa que a produção de uvas Niágara Rosada no período da entressafra deverá apenas atingir este mercado. No período de meados de julho a meados de novembro a oferta desta uva é muito pequena ou inexistente nos principais centros consumidores do país, onde é preferida, em relação à uvas finas, por parcela significativa de consumidores. O desenvolvimento de pólos produtores de Niágara Rosada é uma oportunidade interessante para as regiões tropicais. Tanto será beneficiado o produtor de uvas, que obterá preços mais elevados, como o consumidor, que terá ao seu dispor uvas com menor uso de agrotóxicos.

Figura 2
Fig. 2. Participação da Região Noroeste de São Paulo na Comercialização da uva Niágara Rosada na CEAGESP - Média 1997-1999. (Gráfico: L.M.R.Melo)

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